"Só soube que amava quando as palavras deixaram de ser só barulho e quando os momentos foram eternizados - são as pequenas coisas, os mais pequenos promenores na vida de alguém que fazem com que nós nos deixemos levar."
Tracei em pequenas pétalas o tamanho sentimento que eu continha no meu coração de papel por ti. Mas à medida que fui traçando, o sentimento era demasiado grande para tão pequenas e perfeitas pétalas. Deixei a flor em cima de uma pequena pedra, enquanto explicava para mim mesma o porquê de me dar tão bem com a natureza, como a natureza do teu ser. Achei simplesmente o estranho facto, de já não sentir uma leve brisa na minha face de contentamento, apenas uma brisa que se deixa muito a desejar, uma brisa de tristeza. Olhei para a pequena pedra e a flor tinha caído ao chão, peguei novamente na flor, e olhei-a de cima a baixo, como se estivesse a olhar para ti, e de seguida olhei para a parte amarela do meio, que mais me impressionava, que era como se fosse o teu olhar. E recordei-me que era o teu olhar, o quase fruto proibido, era o teu olhar e o teu coração, que gostava muito de tocar no meu coração de papel, nos dias de chuva ou de sol, estavas lá para fazer mais uma das suas, a deixar o meu coração de papel a um ritmo cardíaco inigualável. Avistei de longe uma pequena gaiola, bonita e bem traçada talvez desenhada para um passado ser proibido de voar. E consegui reparar, que, tu próprio tinhas prendido o meu coração de papel numa gaiola como aquela, e tiveras levado a chave no teu bolso, deixando-me á mercê de qualquer um que por ali passasse. Tinhas por bondade de aparecer em algumas noites, encostavas-te a mim, com um sorriso meio irónico a querer dizer interiormente «és minha e daqui não sais», e por mais que custasse deixavas a minha pessoa andar á vontade livremente, enquanto o meu coração estava preso numa mera gaiola de pássaro. Será que com tantos estes dilemas, entendes o que eu senti e sinto agora?

O silêncio ocupou agora a minha mente, e por tempos assim irá ficar.

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